Se me perguntarem algo
que tenho gostado de fazer aqui em Buenos Aires, vou responder:
Limpar mesas.
Às 18hs começa a
abrir o bar, nessa hora o sol baixo no horizonte ilumina a terraça
de frente, com uma luz tão amarela quanto as mesas e entrecorta os
prédios vizinhos com as sombras da cidade à frente. Mais à direita
há um prédio fascinante onde toda uma face foi coberta por uma
trepadeira enorme, do outro lado janelas e sacadas antigas formam uma
mistura quase inextinguível de de construções centenárias, tão
acomodadas na paisagem como uma árvore que houvesse crescido ali. No
meio de tudo isso lá estou eu, com um trapo na mão.
Nesses momentos sou
apenas uma rapaz latinoamericano limpando mesas para poder viajar. A
simplicidade disso é mais importante que qualquer monumento que eu
chegue a conhecer. Sozinho, sob o pôr do sol de uma das cidades mais
incríveis do continente, limpo mesas. Uma a uma, com paciência.
Houve um caminho enorme
para chegar aqui, e haverá um caminho muito maior daqui para a
frente, e por mais simples que seja este momento presente, andando
por essa terraça, ele está completo em si mesmo.
Às vezes a resposta
para todas as nossas perguntas está no simples ato de limpar uma
mesa em algum lugar do mundo que ainda precisamos encontrar.