sábado, 1 de março de 2014

Fim de tarde em Buenos Aires

Se me perguntarem algo que tenho gostado de fazer aqui em Buenos Aires, vou responder: Limpar mesas.

Às 18hs começa a abrir o bar, nessa hora o sol baixo no horizonte ilumina a terraça de frente, com uma luz tão amarela quanto as mesas e entrecorta os prédios vizinhos com as sombras da cidade à frente. Mais à direita há um prédio fascinante onde toda uma face foi coberta por uma trepadeira enorme, do outro lado janelas e sacadas antigas formam uma mistura quase inextinguível de de construções centenárias, tão acomodadas na paisagem como uma árvore que houvesse crescido ali. No meio de tudo isso lá estou eu, com um trapo na mão.

Nesses momentos sou apenas uma rapaz latinoamericano limpando mesas para poder viajar. A simplicidade disso é mais importante que qualquer monumento que eu chegue a conhecer. Sozinho, sob o pôr do sol de uma das cidades mais incríveis do continente, limpo mesas. Uma a uma, com paciência.

Houve um caminho enorme para chegar aqui, e haverá um caminho muito maior daqui para a frente, e por mais simples que seja este momento presente, andando por essa terraça, ele está completo em si mesmo.


Às vezes a resposta para todas as nossas perguntas está no simples ato de limpar uma mesa em algum lugar do mundo que ainda precisamos encontrar.

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